O aumento da população idosa é um fenômeno global. Hoje a terceira idade representa aproximadamente 10% da população mundial, podendo alcançar em 2050, 22%. O fato de as pessoas estarem vivendo mais também traz consequências a saúde desses indivíduos, que podem manifestar doenças degenerativas, como a demência.
O termo “degenerativo”, refere-se à perda do funcionamento adequado de um determinado órgão e não está relacionada à infecção, inflamação ou tumor. Na demência, o cérebro é o órgão que fica com suas funções comprometidas.
Diante desse cenário pessoas que apresentam esse quadro podem manifestar perda de memória, dificuldade para realizar tarefas cotidianas, como administrar dinheiro, dirigir ou comer, além de ter alterações no comportamento, como insônia, irritabilidade e agressividade.
A doença de Alzheimer e a demência vascular são as manifestações mais comuns. No caso da demência o que ocorre é uma falta de sangue em algumas regiões cerebrais, resultando em pequenos infartos no local. Quanto ao Alzheimer, ainda não foi detectada uma causa que comprove a doença.
Hoje o tratamento para a demência busca proporcionar maior qualidade de vida para o indivíduo e também diminuir o avanço do quadro. Sendo assim, uma pessoa que apresenta dificuldade para se vestir, mas que ainda consegue andar por conta própria, receberá um tratamento com foco em manter a capacidade de continuar caminhando pelo maior tempo possível.
O convívio com uma pessoa que apresenta um quadro de demência requer cuidados específicos, atenção e carinho. Veja a seguir algumas dicas para ajudar uma ente que está passando por essa situação
1. Mude a forma de se comunicar
O paciente com demência pode apresentar dificuldade para lembrar nomes de pessoas e de objetos. Da mesma forma pode se esquecer ou confundir palavras e apresentar confusão mental.
Diante disso, a comunicação verbal precisa se dar através de frases curtas e simples, por exemplo, ao oferecer algo é melhor especificar: “você quer ler?”, ao invés de perguntar: “você quer fazer alguma coisa?”. Dê tempo para que ele entenda o que foi dito. Se for necessário repita a frase ou utilize outra expressão com o mesmo sentido. Sempre mantenha o tom de voz calmo, e ao conversar, faça com que o paciente olhe diretamente para você.
2. Estabeleça rotinas
Quando uma pessoa fica debilitada costuma ficar mais insegura, no caso de um paciente com um quadro de demência a lógica é a mesma. Sendo assim é importante que as pessoas que estão ao redor saibam mudanças no ambiente a na rotina podem desencadear confusão mental nesses pacientes.
Uma forma de ajudá-lo e estabelecer rotinas, de modo que as tarefas – como higiene pessoal e alimentação – sejam realizadas sempre no mesmo horário. As tarefas devem ser simplificadas, por exemplo, na hora de se vestir, reduza as opções de roupa no armário. Evite roupas com zíper, fivelas ou botões e deixe as peças de roupa separadas sempre na mesma ordem.
Esse hábito pode contribuir para que o paciente se sinta mais confiante e confortável com a situação.
3. Estimule a independência: Faça COM ele e não POR ele
É importante ressaltar que pessoas que manifestam um quadro de demência podem continuar realizando atividades de forma independente. Isso contribuirá para sua auto-estima e lhe trará mais qualidade de vida.
Quem convive com alguém passando por essa situação pode estimular sua autonomia. Portanto incentive-o a fazer sozinho as atividades que estejam dentro da sua rotina, como se vestir, por exemplo.
Inicialmente deixe-o tentar fazer por conta própria, se você perceber que ele não conseguiu completar a tarefa sozinho, você pode ajudá-lo fornecendo algumas orientações. Caso ele não consiga, auxilie-o na tarefa.
Dependendo da condição de saúde, pode acontecer de o paciente não conseguir realizar a tarefa sozinho e precisar que alguém realize aquela ação por ele. É importante que quem está perto esteja preparado para lidar com a situação com paciência e sensibilidade.
O importante é observar as tarefas que o paciente consegue realizar e incentivá-lo. A mobilidade também tem um papel importante para saúde do paciente, pois reduz o risco de infecções e trombose venosa, além de diminuir a sobrecarga do cuidador, então procure estimulá-lo a andar e se movimentar sempre que possível.
4. Cuide da segurança dele
A medida que o corpo vai envelhecendo os problemas de visão e audição começam a aparecer. Além disso, a tarefa de se equilibrar também fica um pouco mais difícil. Por isso é importante tomar alguns cuidados para evitar quedas e estimular a independência:
- retire tapetes e excesso de mobiliário da casa, pois eles podem facilitar a incidência de quedas
- coloque piso antiderrapante e barras de segurança no banheiro
- procure guardar objetos perigosos ou pontiagudos.
Além disso, evite deixar a casa sem iluminação, pois isso pode causar confusão mental. O ideal é manter sempre algum tipo de iluminação indireta à noite. Nas portas, as fechaduras devem ficar sempre na parte mais alta ou na mais baixa.
Outra importante medida para evitar acidentes é guardar a chave da casa e do carro em locais seguros, pois em crises o paciente pode ficar agitado e tentar deixar a casa.
5. Tenha algumas “regras” para a alimentação
Sempre procure oferecer as refeições em locais tranquilos e com horários regulares, lembre-se: a rotina deixa o paciente menos confuso.
Sendo assim, evite distrações neste horário, como televisão, música alta ou muitas pessoas conversando ao mesmo tempo. Algumas pessoas podem apresentar dificuldade para engolir. Se isso acontecer na sua casa, uma alimentação mais pastosa irá melhorar a deglutição e também evitará que episódios de engasgo aconteçam
Procure também, se possível, fracionar a dieta, de forma que a pessoa tenha seis refeições diárias, sendo cada uma em pequenas quantidades.
6. Atente para a higiene
O banho deve ser de preferência no horário habitual em que ele tomava antes do aparecimento dos sintomas. Opte por água morna, evitando extremos de temperatura (quente ou fria).
Após a evacuação, a higiene da genitália deve ser feita na direção da uretra para o ânus, pois reduz o risco de bactérias fecais penetrarem na uretra e desencadearem infecção urinaria.
7. Preste atenção aos sinais na pele
O idoso apresenta uma pele mais fina e frágil, logo tem mais facilidade de ter lesões em áreas de apoio do corpo (região sacral e calcanhar). Para o paciente que está acamado, não é recomendado deixá-lo sempre na mesma posição, movimente-o, no mínimo, a cada duas horas. Deve-se fazer o uso de creme hidratante na pele e oferecer líquidos durante o dia para evitar uma possível desidratação. A fralda deve ser trocada, no mínimo, a cada três horas. Em caso de feridas na pele, procure uma equipe de saúde que irá prescrever o curativo.
8. Fotos e objetos pessoais ajudam a reduzir a desorientação
Deixar fotografias e objetos pessoais espalhados pela casa pode trazer maior reconhecimento do domicílio. Coloque relógios e calendários, de preferência digitais e bem grandes, em locais estratégicos.
9. Tome cuidado com a preambulação
Preambulação é um estado de inquietude que faz com que a pessoa com um caso de demência ande de um lado para outro, sem demonstrar sinais de cansaço.
Muitas vezes é apenas um sintoma da doença, porém pode ser desencadeado por dor, reação adversa a medicamentos ou alguma infecção. Quando for apenas um sintoma da doença, deve-se reduzir ao máximo os riscos de queda ou fuga (ler item 4). É importante que o paciente passe por avaliação médica para que se descartem as outras causas possíveis.
10. Na incontinência, o que se deve fazer?
Pode acontecer de o paciente com demência apresentar incontinência (urinária ou fecal) por diversos motivos: incapacidade de conter a diurese, perda da habilidade de reconhecer quando precisa ir ao banheiro, não saber ou não lembrar onde fica o banheiro e devido a infecções.
Nesses casos, a medida para minimizar a incontinência urinária é leva-lo regularmente ao banheiro, a cada uma ou duas horas. Durante a noite pode-se optar pelo uso da fralda geriátrica. A incontinência fecal é menos frequente, e pode-se contorna-la ao observar o horário habitual em que o paciente costuma defecar e conduzi-lo ao banheiro com antecedência.
11. Entenda as mudanças de comportamento
A pessoa com demência pode apresentar um comportamento diferente do que costumava apresentar. Agitação, agressividade e alucinações são fatores comuns. O paciente pode pensar que está sendo roubado, isso ocorre porque muitas vezes ele não lembra onde colocou um determinado objeto e considera que outra pessoa o roubou.
Por vezes sente-se perseguido, pois pode não reconhecer alguns familiares em casa, passando a considerá-los estranhos. É importante tranquilizar o paciente nesse momento, ajudando-o a procurar o objeto e mostrando-lhe que na casa não há nenhum desconhecido.
Não tente convencê-lo de que estava errado, pois pode aumentar sua agressividade ou confusão. Também não se deve confrontá-lo, quando o mesmo não reconhecer a sua própria casa. Ofereça objetos pessoais ou mostre móveis ou cômodos que o façam reconhecer o ambiente.
12. Mantenha uma rotina de sono
O paciente com demência apresenta diversas alterações no sono, sendo as mais frequentes, a insônia e troca do o dia pela noite (dorme durante o dia e à noite fica acordado). Para melhorar a qualidade do sono, deve-se evitar os cochilos diurnos e mantê-lo ativo durante o dia em atividades domésticas ou de lazer. A exposição à luz pela manhã também ajuda a regular o sono.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/
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