Com o avanço dos anos, a preocupação com a saúde se torna mais necessária e presente na vida de homens e mulheres. Para os idosos, a frequência de consultas e exames de rotina tende a aumentar, uma vez que a idade é um fator de risco para muitas doenças e o acompanhamento deve ser mais habitual e cuidadoso. Segundo a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), os idosos têm maior risco de desenvolver doenças urológicas a partir dos 65 anos, sendo 10% dos homens e 20% das mulheres nessa faixa etária acometidos. A partir dos 80, o risco está relacionado a quadros com poucos sintomas, que dificultam um diagnóstico precoce e até mesmo diminuem a chance de sucesso do tratamento.
Dentre as doenças do trato urinário que mais afetam a terceira idade, destacam-se, além da infecção urinária, as alterações no hábito urinário. A bexiga hiperativa, também conhecida como “bexiga irritada”, é uma das principais causas de alteração da micção nesta população, e se apresenta como a vontade repentina e urgente de urinar. A infecção urinária é uma das doenças que mais incomodam as pessoas acima dos 60 anos, que pode ser mais comum nas mulheres mais jovens, mas que se torna comum também dentre os homens a partir desta idade. Nos homens, o aumento benigno da próstata —que não significa a presença de tumores— é uma das principais causas de incômodo urinário.
Apesar do rastreio e acompanhamento para detecção precoce do câncer de próstata ser importante por este ser a doença maligna mais comum dentre os homens, o crescimento benigno da próstata é uma condição extremamente comum podendo acometer até 50% dos homens a partir dos 50 a 60 anos.
Identificando os problemas urinários
Para um diagnóstico precoce e tratamento eficiente, é importante procurar um médico assim que perceber mudanças na rotina de ir ao banheiro, seja para mais, seja para menos.
Mais recomendado ainda é ter um acompanhamento com o urologista, especialidade que trata do sistema urinário, de modo a entender o que são padrões urinários aceitáveis ou não, e poder receber o tratamento adequado quando indicado sem atraso e prejuízo da qualidade de vida do homem. O urologista Willy Baccaglini explica quais são as principais queixas dos idosos nas consultas: “Nos homens, levantar-se durante a noite para urinar é a queixa mais comum. A partir dos 50 anos, os homens diminuem a produção do hormônio antidiurético e, naturalmente, começam a urinar com mais frequência durante a noite. Um idoso urinar até duas vezes é normal, uma vez que a produção do hormônio diminui”, detalha.
Além disso, o especialista pontua um caso que requer atenção. “Quando um homem se levanta a noite muitas vezes para urinar, principalmente aqueles mais jovens, com 40 a 50 anos, tendo que produzir no trabalho no dia seguinte sem um sono de qualidade, isso pode se tornar um grande problema. Além do jato fraco, a incapacidade de esvaziar totalmente a bexiga é outro sintoma comum”, afirma, ressaltando que a frequente vontade de urinar de repente é um dos sintomas mais alarmantes e incômodos para o homem.
Estatisticamente, as mulheres sofrem mais com problemas no trato urinário, sendo esse número ainda mais significativo com o avanço da idade. Além de outros fatores, a menopausa pode acabar contribuindo para o desenvolvimento da incontinência urinária. “Isso ocorre porque a mulher deixa de produzir estrogênio, que pode se relacionar ao enfraquecimento na musculatura do assoalho pélvico, o que torna mais difícil conter a urina e contribuir para o surgimento da incontinência”, explica Baccaglini.
Prevenção ajuda a evitar quadros graves
Fazer check-up regularmente e ter um acompanhamento médico antes de identificar algo de errado no corpo é o primeiro passo para garantir uma vida mais saudável. Culturalmente, as mulheres costumam frequentar mais o médico, enquanto os homens tendem a evitar. Os números das pesquisas comprovam: segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 69% dos homens procuraram um médico em 2019. Em comparação, 82% das mulheres se consultaram no mesmo ano.
No caso do trato urinário, o exame de próstata, por exemplo, ainda é um tabu para muitos, o que pode prejudicá-los, conforme explica o urologista. “O homem, por essa questão menos permissiva de autocuidado, normalmente se acostuma com os sintomas que se instalam ao longo dos anos. Quando ele percebe, já está urinando muito mal, mas já se acostumou a viver dessa forma” explica Baccaglini, ressaltando que, urinar muitas vezes durante o dia é um mau sinal, pois a bexiga pode não estar sendo esvaziada da maneira correta. Algumas das principais causas de infecção urinária são naturais do corpo humano, como o caso do crescimento da próstata nos homens e a menopausa nas mulheres.
Na população feminina, o número de partos e a forma como foi a assistência aos partos também podem interferir. Em outros casos, obesidade, diabetes e doenças coronarianas podem colaborar para o surgimento de problemas urinários e esses, sim, podem ser evitados, senão ao menos o controle destes fatores pode facilitar o tratamento caso surjam os sintomas urinários.
Interferências neurológicas
Outro fator que se relaciona com as doenças urinárias, principalmente a ITU, é o surgimento de doenças neurológicas, como Alzheimer, esclerose múltipla ou AVC. Esse tipo de doença pode desregular o funcionamento da bexiga, trazendo complicações no funcionamento do trato urinário.
“A bexiga depende da coordenação entre cérebro, medula e a própria bexiga. A bexiga é um órgão que age, mas também transmite sinais para o cérebro entender o que está acontecendo lá embaixo. Esses sinais são transmitidos da bexiga para o cérebro e do cérebro para a bexiga através da medula. E quando há alguma doença neurológica seja no cérebro (como um AVC), seja na medula (como a esclerose múltipla), o paciente pode vir a desenvolver sintomas urinários”, detalha o especialista.
A saúde e o bem-estar dos idosos são reflexo dos hábitos de uma vida inteira. Para evitar infecções urinárias ou problemas de micção, fica clara a importância da prevenção e acompanhamento, que garantem uma maior qualidade de vida na terceira idade e um envelhecimento mais saudável.
Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/
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