De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria Geriátrica (AAGP), os transtornos de ansiedade atingem de 10 a 20% da população idosa, muitas vezes passando despercebidos e sem diagnóstico.
Claro, sentir ansiedade em determinados momentos é completamente natural. Porém, quando essa emoção se torna constante e excessiva, não podemos ignorá-la. Por isso, é tão importante entendermos as particularidades da ansiedade na terceira idade.
Conhecer suas causas, possíveis gatilhos e aprender a reconhecer os sintomas possibilita uma intervenção precoce e um controle mais eficaz do transtorno.
Mas o que faz com que os idosos sejam mais vulneráveis à ansiedade? E quais são os sinais de alerta que merecem atenção?
Vamos entender melhor a ansiedade na terceira idade nos tópicos a seguir.
Causas da ansiedade na terceira idade
A ansiedade pode ser resultado de diversos fatores e sua origem nem sempre é clara. Ainda que os pesquisadores não compreendam totalmente por que alguns idosos sofrem de ansiedade excessiva, é provável que uma combinação de gatilhos situacionais e ambientais estejam envolvidos.
Assim, dentre os fatores de risco mais comuns para transtornos de ansiedade na terceira idade, podemos citar:
1. Alterações no estilo de vida
A chegada da terceira idade pode trazer várias mudanças em nossas vidas, sendo que algumas delas podem ser estressantes e gerar ansiedade para os idosos.
A aposentadoria, por exemplo, pode fazer com que nos sintamos sem propósito ou um pouco perdidos, enquanto ver os filhos saírem de casa pode provocar sentimentos de solidão e vazio.
A necessidade de lidar com questões de saúde, perda de independência, limitações quanto à mobilidade física e, eventualmente, ter que mudar para uma nova casa ou morar com parentes, também são fatores que podem deixar os idosos ainda mais ansiosos nesta etapa da vida.
2. Perdas e luto
Na terceira idade, muitas pessoas encaram a difícil realidade da perda de entes queridos, amigos e cônjuges. Com o passar do tempo, pode ser um desafio aprender a viver sem aqueles que eram próximos e importantes para nós, e a dor da perda pode se manifestar na forma de ansiedade.
3. Doenças e condições médicas
É comum que os idosos tenham que lidar com condições médicas, exigindo um cuidado maior com a saúde.
Um diagnóstico de diabetes, por exemplo, pode exigir mudanças significativas na alimentação e na rotina de exercícios, além do monitoramento constante dos níveis de açúcar no sangue.
Já as doenças cardíacas podem impor limitações à atividade física e gerar preocupações com a possibilidade de eventos cardíacos futuros.
Dor crônica, por sua vez, pode afetar a qualidade de vida, prejudicando a realização de atividades diárias e a interação social.
Dessa forma, lidar com essas condições — juntamente com a necessidade de administrar medicamentos e consultas médicas frequentes — pode ser um fator que contribui para o aumento da ansiedade em idosos.
4. Insegurança financeira
À medida que envelhecemos, as preocupações com as finanças podem se tornar cada vez mais presentes.
A redução da renda após a aposentadoria — bem como a dificuldade em encontrar um novo emprego, caso necessário — ou dúvidas quanto à capacidade de arcar com as despesas diárias, manter a qualidade de vida e garantir recursos suficientes para os anos futuros podem ser fontes de preocupações constantes.
Essas incertezas, por sua vez, podem acabar afetando a saúde mental e emocional dos idosos e resultar em sintomas de ansiedade.
5. Efeitos colaterais ou uso indevido de medicamentos, álcool e cafeína
Os cuidados com a saúde na terceira idade podem demandar o uso de diferentes medicamentos e, por vezes, os efeitos colaterais ou interações desses remédios podem contribuir para o aumento da ansiedade.
Por outro lado, os sintomas ansiosos também podem ser agravados em função do desrespeito às orientações médicas ou automedicação.
Logo, se você faz uso de medicamentos, é importante conversar com seu geriatra sobre os possíveis efeitos colaterais e não alterar dosagens (ou fazer uso de outros remédios) sem antes consultar o profissional.
Álcool e cafeína também devem ser consumidos com moderação. Embora possa parecer relaxante, em um primeiro momento, o uso prolongado de álcool pode resultar em dependência e agravar os sintomas de ansiedade. Já a cafeína, presente no café, chá e em alguns refrigerantes, é um estimulante que pode aumentar a ansiedade e a inquietação.
6. Insônia e problemas de sono
Os distúrbios do sono — tais como insônia, apneia e síndrome das pernas inquietas — são frequentes na terceira idade e podem ter um impacto significativo no bem-estar emocional e mental.
Uma vez que comprometem a qualidade do sono, esses problemas podem afetar negativamente a saúde mental, exacerbar os sintomas de ansiedade e deixar os idosos se sentindo cansados e irritados ao longo do dia.
7. Histórico familiar de transtornos de ansiedade
Ter parentes próximos que já enfrentaram (ou enfrentam) transtornos de saúde mental pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de ansiedade na terceira idade, pois a predisposição genética — aliada a fatores ambientais e comportamentais — pode contribuir para o surgimento dessas condições.
Assim, caso outros familiares já tenham sido diagnosticados com distúrbios de ansiedade, compartilhe essa informação com seu médico. Essa precaução pode auxiliar na identificação precoce e no tratamento adequado para controlar os sintomas.