Atividades físicas, cognitivas e convívio social, mesmo que virtuais, precisam fazer parte do cotidiano das pessoas mais velhas
O sofrimento com a pandemia do novo coronavírus tem sido geral e comum a todas as pessoas em qualquer parte do mundo, mas os idosos vêm preocupando ainda mais. Ao lado daquelas com comorbidades, as pessoas idosas são as que mais correm risco de morte pela covid-19 e, assim, precisam de isolamento social para preservar-se da contaminação. Mas como prevenir-se da solidão e das mudanças impostas pelo “fique em casa”?
Terapeuta ocupacional e presidente do Conselho Municipal do Idoso de Ribeirão Preto (CMI), Carla Santana, professora do Departamento de Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, diz que é preciso compreender as necessidades de cada idoso, propondo atividades saudáveis e que façam sentido para eles.
O isolamento social do idoso não chega a ser novidade para muitos deles, lembra a professora, falando sobre um problema social que faz parte da realidade de muitos que já passaram dos 60 anos. Mas, neste momento da pandemia, o isolamento social ganha aspecto novo da preservação de vida e até mesmo da convivência mais próxima com outros entes familiares, trazendo outros conflitos para os idosos.
Porém, de maneira geral, o atual contexto de preservação da vida pode, sim, aumentar a solidão e o ócio dos mais velhos, condição prejudicial para a saúde mental e física. Segundo Carla, “o aumento da solidão e da ociosidade dos idosos podem gerar ou agravar problemas relacionados à depressão, ansiedade e neurocognição, além disso, proporciona uma queda na capacidade funcional dos idosos, que provoca a perda do equilíbrio, força muscular, mobilidade e, por consequência, pode causar quedas”.
Para minimizar essas questões, a professora chama a atenção para a manutenção de uma rotina que envolva atividades físicas, cognitivas e de interesse dos idosos. Deve-se ficar atento, pois o isolamento pode afetar alimentação, sono, humor e autocuidado geral dos idosos.
Entre os cuidados dispensados, Carla assinala que é importante que “os idosos realizem atividades que sejam significativas em seu dia a dia”, recomendação que vale em qualquer época, mas que pode atenuar os impactos negativos da pandemia. “É necessário manter uma rotina diária que inclua atividades físicas, cognitivas e de convívio social, seja pela tecnologia ou com certo distanciamento social”, aconselha.
*Informações do Jornal da USP Ribeirão Preto | Texto: Flavia Coltri
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