A terceira-idade é marcada por uma série de mudanças no corpo e cérebro do indivíduo. “Mesmo o idoso normal e ativo terá alguma diminuição dos reflexos, da visão, do equilíbrio ou da audição, ficando mais propenso a quedas”, diz a geriatra Sonia Martins Fontes. Podemos somar a isso o enfraquecimento dos ossos, que é comum na faixa etária, o que aumenta as chances de fratura.
É possível prevenir acidentes evitando a exposição do idoso a riscos, principalmente dentro de casa. Retirar móveis ou incluir itens de segurança são medidas capazes de evitar acidentes, fraturas e até mesmo salvar vidas. “Profissionais especializados podem fazer uma avaliação médica do indivíduo, a fim de definir quais adaptações devem ser priorizadas”, ressalta Sonia. Confira as principais mudanças do ambiente doméstico que auxiliam a prevenção de quedas na terceira-idade:
Instale barras de segurança
A geriatra Sonia Martins Fontes, explica que a maior parte das quedas dos idosos ocorre dentro de casa, em especial no banheiro e na cozinha. “Por isso há a necessidade de barras para suporte e pontos de apoio, principalmente nestes cômodos”, diz. O idoso de maneira geral tende a apresentar alterações no equilíbrio, e as barras ajudam a melhorar sua autonomia nos afazeres cotidianos. “Nas escadas também é imprescindível a colocação de corrimão dos dois lados.”
Retire os tapetes
Além das alterações de equilíbrio, o comprometimento da marcha também é comum na terceira-idade. Isso quer dizer que o idoso sente mais dificuldade na caminhada, que fica lenta e arrastada, facilitando tropeços e escorregões. Nesse contexto, a presença de tapetes soltos no piso se transforma em uma armadilha. “O ideal é evitar o uso de tapetes, mesmo o grandes, uma vez que o desnível do solo pode atrapalhar e causar quedas”, ressalta a terapeuta ocupacional Rafaele Pinheiro, do Hospital Retaguarda e Reabilitação Geriátrica Reger, em São José dos Campos. Os tapetes mais finos, geralmente usados na cozinha e banheiro, podem causar escorregões e também devem ser evitados.
Organize a rotina
Idosos com grave alteração de equilíbrio e marcha podem abrigar um inimigo em casa: as escadas. Pessoas que moram em sobrados, por exemplo, sofrem mais para realizar suas atividades, principalmente se durante o dia ela precisa subir e descer as escadas com frequência. “Se não for possível a instalação de um elevador, faz-se necessário centralizar tudo o que faz parte de seu cotidiano em apenas um andar – refeições, banheiro e lazer. Em alguns casos, pode ser feita a transferência do dormitório do idoso para o térreo, de forma que não seja mais preciso utilizar as escadas.
No entanto, o projeto de adaptação da casa deve ser individualizado. “O ideal é avaliar o paciente quanto a sua funcionalidade e risco de queda, com uma avaliação geriátrica ampla”, afirma a geriatra Sonia. Desta forma, serão projetadas as adaptações condizentes com as necessidades específicas daquela pessoa. “Evitar as escadas é sempre bom, mas as grandes mudanças, como trazer o quarto para o andar de baixo, podem deixar o idoso contrariado e incomodado com a situação”, completa. “Antes disso, o ideal é que cada caso seja analisado pelo terapeuta ocupacional ou fisioterapeuta.”
Evite móveis em locais de passagem
Mesas de centro, cômodas e estantes são móveis que comumente estão fora do campo visual – e por isso uma pessoa pode facilmente esbarrar ou tropeçar neles. Esse fator é mais acentuado em pessoas com idade avançada. “A atenção e consciência corporal do idoso são prejudicadas, por isso é interessante evitar móveis, vasos, adornos em geral em ambientes de alta circulação”, alerta terapeuta ocupacional Rafaele. Quanto mais desimpedido estiver o caminho, menores são as chances de quedas.
Cuidado com animais
Os animais trazem benefícios à vida do idoso, porém podem ser um risco à segurança. Ao tê-los, faz-se necessário redobrar os cuidados: “Sentar-se para brincar com o animal e evitar deixar brinquedos pelo caminho são medidas essenciais”, diz Rafaele Pinheiro. Escolher mobílias e piso que se diferenciem da cor dos animais também é importante para evitar que o idoso tropece. “Lembrando que qualquer coisa que possa atrapalhá-los na locomoção, interferindo em sua autonomia, deve ser evitada.”
Interruptores de fácil acesso
Quem nunca acordou no meio da noite para usar o banheiro? Andar no escuro até encontrar o interruptor pode ser o suficiente para causar uma queda, principalmente na terceira-idade. “O comprometimento da visão se intensifica durante a noite, e qualquer descuido pode resultar em acidentes”, conta a geriatra Sonia. É possível diminuir esse risco instalando mais de um interruptor no mesmo cômodo – um perto da porta e outro ao lado da cama, por exemplo. Dessa maneira, o idoso não precisa se locomover na escuridão. Abajures também funcionam, mas com menor eficiência, uma vez que iluminam uma área menor.
Mudanças no banheiro
O banheiro é conhecido como palco de acidentes e quedas, principalmente envolvendo idosos. A espuma e o vapor do banho, bem como o trilho do box e o tapete de banheiro se transformam em verdadeiros vilões quando o assunto é segurança na terceira-idade, levando em conta as dificuldades de equilíbrio e locomoção. As especialistas elencam uma série de mudanças que podem ser adotadas para tornar o banheiro mais seguro. “Substituir a porta do box por uma cortina ou mesmo deixar sem nada é uma solução para eliminar o degrau do trilho”, lembra a terapeuta ocupacional Rafaele, afirmando que a medida pode ser adotada para idosos que necessitam da ajuda de cuidadores, de forma a ampliar o espaço do banheiro. “Barras no chuveiro e vaso sanitário também são indicadas, assim como a instalação de antiderrapantes”, completa Sonia.
A cadeira de banho pode ser adotada para alguns grupos, principalmente quando o equilíbrio está muito comprometido. Móveis e louças devem ter cores que contrastam com o azulejo e piso, para que o idoso consiga visualizar o espaço claramente. Portanto, banheiros com paredes e chão brancos devem ter o vaso sanitário e a pia de outra cor, como verde ou azul. “Para indivíduos em geral com baixa visão, esse recurso é bastante eficaz”, afirma Sonia.
Colchão e cama na altura certa
“É de extrema importância que a altura da cama esteja de acordo com a altura do idoso”, diz Sonia. Se não for acessível para a família comprar, faz-se necessário realizar adaptações, como diminuir ou aumentar os pés da cama. Caso o móvel esteja muito alta ou baixo demais, haverá dificuldade para o idoso se deitar e levantar, facilitando quedas. “Densidades muito baixas de colchões, além de não ajudarem na postura, dificultam a mobilidade tanto no momento em que idoso estiver dormindo, ao se virar na cama, quanto ao levantar-se”, completa a geriatra. Dessa forma, tão importante quanto a altura apropriada da cama é um colchão de densidade adequada ao peso e tamanho do idoso.
Poltronas e cadeiras
Da mesma maneira que a cama deve estar na altura certa, as poltronas e cadeiras devem seguir um padrão para prevenir a queda do idoso. “É interessante que as poltronas e cadeiras tenham braços, principalmente se utilizadas com frequência, aumentando o conforto e facilitando sua utilização”, afirma a terapeuta ocupacional Rafaele. Ter um apoio para se levantar ou sentar evita o desequilíbrio, e o idoso se locomove com mais segurança. É importante optar por cadeiras que tenham boa fixação no chão. Móveis muito leves que tem pernas de plástico ou rodinhas na base, por exemplo, podem favorecer acidentes.
Fotos: Getty Images
Fonte: https://www.minhavida.com.br/