Atenção aos sinais, principalmente em pessoas acima de 60 anos, para que seja possível realizar o tratamento e melhorar a qualidade de vida
A doença é comumente associada aos tremores, mas pode manifestar-se em outros sintomas. É preciso atenção aos sinais, principalmente em pessoas acima de 60 anos, para que seja possível realizar o tratamento e melhorar a qualidade de vida, explicam os especialistas.
“Nem todo tremor é Parkinson”, diz Natally Santiago, neurocirurgiã funcional do Hospital San Gennaro. Ela esclarece que o tremor característico da doença é o chamado “tremor de repouso”, ou seja, ocorre quando não estão sendo executados movimentos e ,ao realizar ações, pode diminuir ou até sumir.
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta a produção de dopamina, neurotransmissor responsável pelos movimentos, explica a médica. Por isso, além dos tremores, outros dois sinais característicos da doença estão relacionados à movimentação: a rigidez muscular e a bradicinesia.
“Um dos sinais mais importantes é a lentidão da movimentação, que chamamos de bradicinesia. A velocidade da pessoa para se movimentar e executar os movimentos fica muito lentificada”, relata Frederico Haidar Jorge, neurologista do Hospital Santa Catarina.
Além dos três sinais, pacientes com Parkinson podem apresentar outros sintomas, segundo ele. Dentre eles, instabilidade postural, diminuição nas expressões faciais, dificuldade de mastigação e deglutição, voz mais baixa, diminuição na percepção de olfato e alterações no sono, emocionais ou cognitivas.
“Não há um teste específico para Parkinson. O diagnóstico depende da história clínica do paciente, que chamamos de anamnese, e de exames neurológicos. Também fazemos exames complementares para descartar outras situações”, informa o neurologista do Santa Catarina.
Ao identificar sintomas, a avaliação médica é essencial. Isso porque diferentes causas podem desencadear o que os médicos chamam de parkinsionismo ou síndroma parkinsoniana, um conjunto de sintomas neurológicos encontrados na doença de Parkinson, mas que não necessariamente indicam a presença dela.
“70% dos casos de síndrome parkinsoniana são por doença de Parkinson, mas os outros 30%, aproximadamente, são outras doenças neurodegenerativas e até remédios que podem levar a pessoa a ter o quadro de sinais e sintomas”, esclarece Alex Baeta, neurologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Baeta relata que a forma mais comum da doença é a idiopática, ou seja, cuja origem não consegue ser identificável. Em alguns casos, é possível identificar indivíduos com alto risco de ter Parkinson, devido à herança genética. “Não há como previnir a doença de Parkinson com os recursos disponíveis no momento”, diz.
Tratamento é multidisciplinar A doença de Parkinson não tem cura, mas médicos reforçam a importância do tratamento nos estágios iniciais. Segundo a neurocirurgiã do Hospital San Gennaro, Natally Santiago, o tratamento com um especialista melhora a qualidade de vida do paciente e consegue controlar a evolução dos sintomas.
“A evolução da doença pode variar, mas, geralmente, nos primeiros cinco anos, ela tem uma boa resposta ao tratamento medicamentoso. As medicações antiparkinsonianas têm um bom efeito”, explica.
Além dos medicamentos, outros métodos são utilizados para tratar pacientes com Parkinson. Fisioterapia e terapia ocupacional são maneiras de trabalhar a movimentação do corpo e combater os sintomas. Fonoaudiologia também é uma opção para aqueles que têm dificuldade na fala, mastigação e deglutição.
“Em algumas situações, podemos avaliar o tratamento cirúrgico para o paciente. Ele consiste no implante de um marca-passo cerebral […] que manda estímulos elétricos e auxilia a melhora dos sintomas”, esclarece Santiago.
A movimentação corporal é um ponto chave no tratamento da doença. “Pro parkinsoniano, a atividade física é fundamental como beber água, porque isso reduz um pouco os sinais e sintomas, se associado ao tratamento adequado”, diz o neurologista Alex Baeta.
Doença de Parkinson
O que é?
Doença neurodegenerativa que afeta a produção de dopamina, neurotransmissor responsável pelos movimentos
Acomete principalmente pessoas acima de 60 anos
Herança genética é um fator de risco, mas, na maioria dos casos, é uma doença que se desenvolve sem uma causa específica
Não tem cura, mas há tratamento
Sintomas:
- Tremor enquanto a parte afetada está parada
- Rigidez muscular
- Lentidão de movimentos
- Um lado do corpo pode ser afetado primeiro (por exemplo: pessoa não mexe direito um braço quando caminha)
- Movimentos cada vez menos amplos
- Corpo ligeiramente projetado para frente
- Diminuição do tamanho das letras que escreve
Não motores
- Alterações do sono
- Depressão
- Ansiedade
- Intestino preso
- Perda ou redução da capacidade de sentir cheiros
- Dores
- Fadiga
- Sono excessivo durante o dia
- Demência (em estágio bem avançado)
Como é feito o diagnóstico:
- Histórico clínico do paciente
- Exames neurológicos e complementares
Evolução da doença:
- A progressão é variável e desigual entre os pacientes
- Normalmente, possui um curso regular e sem rápidas ou dramáticas mudanças
Tratamento:
- Medicamentos
- Cirurgia
- Fisioterapia
- Fonoaudiologia
- Terapia ocupacional
Recomendações:
- Buscar um médico neurologista em caso de suspeita ou sintomas;
- Realizar exercícios físicos regularmente para preservar a movimentação do corpo
Fontes: Alex Baeta, neurologista Beneficência Portuguesa de São Paulo; Frederico Haidar Jorge, neurologista do Hospital Santa Catarina; Natally Santiago, neurocirurgiã funcional do Hospital San Gennaro; Associação Brasil Parkinson; Ministério da Saúde
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